
Fotos: Luciano Medina Martins
O Grupo Androids do Colégio Coração de Maria da cidade de Esteio, na região metropolitana de Porto Alegre, hoje faz exatamente 10 dez dias, ganhou o Asia Pacific Open Champioship, que é o campeonato mundial de robótica que aconteceu na Austrália entre os dias 6 e 9 de julho. Ganharam de equipes de países como Japão, Coréia e China, onde a educação para tecnologia já é uma tradição e recebe muitos recursos. Os encontrei a espera para entrarem no Bibo Nunes Show, programa de TV com entrevistas que destacam bons exemplos e iniciativas de sucesso no Rio Grande do Sul.
Os alunos são organizados pelo professor de robótica educacional Gilmar Alves Ferreira, o grupo de 9 jovens entre 14 e 18 anos que foi até a terra dos cangurus é muito animado e composto de diferentes personalidades e competências. “Um time de robótica é como um time de futebol, nem todos podem ser atacantes ou goleiros, precisamos de pessoas de diferentes perfis”, explica o professor Gilmar Alves, que também levou com o grupo instrumentos de samba, como bumbo, pandeiro e tarol, tocados pelos alunos, o que destacou a equipe pela animação. A percussão é também incentivado pelo professor Alves que além da robótica gosta muito de música.
“Nos destacamos por não encarar o campeonato como uma competição acirrada, mas sim como uma confraternização”, explica com muita desenvoltura Ana Clara Andrades, uma das três meninas no grupo. “Nos avaliaram pelo robô, pela pesquisa e por nossos core values (valores), termo grifado em inglês por Ana Clara. “Fomos considerados como a alma do campeonato, por nossa atitude como time e como pessoas, na maneira de interagirmos com os outros times, de forma colaborativa”, explica Lucas Tamanini. “Olha a quantidade de tecnologia que os coreanos trouxeram, e a gente com um lap top” contou Tamanini sobre a diferença nos materiais levados por cada equipe. Mesmo assim prevaleceram os valores, a criatividade e o espírito de equipe do time do Brasil.
O tema do campeonato foi “Animal Allies” (“Animais Aliados”, na tradução). A proposta era criar projetos para melhorar a relação entre homens e animais. Os brasileiros ganharam com um protótipo que imita a frequência do ronronar de um gato e que serve para acalmar outros animais durante o pré-operatório. Perguntados sobre quem teve a ideia, a resposta veio em uma só voz e na hora “todos nós”. O aluno Bruno Schuler explicou que descobriram uma pesquisa norte americana em que a frequência do ronronar do gato seria associado ao relaxamento, inclusive humano.
“Não desistir nunca”, esta é o mote do grupo, dito em coro uníssono. O time já ganhou outros campeonatos, é o atual bi-campeão gaúcho em robótica, com diversas participações em torneios nacionais, conquistando prêmios e agora se prepara para as próximas etapas regionais e locais que começam em agosto. Perguntados sobre patrocínio, eles respondem dizendo que até agora foi só “paitrocínio”, se referindo aos pais como principais investidores. Para Gilmar não existe dúvida que o ensino tecnológico, e em especial de robótica é uma experiência que incentiva os jovens a carreiras também na tecnologia e criatividade, e que a maioria dos participantes do projeto que já terminaram o ensino médio procuraram formação nas engenharias. Mesmo assim William Barth, o porta voz do grupo, diz que pensa em medicina como uma futura carreira. Perguntados sobre a presença de meninas no grupo Bruno Schuler explica que “já teve mais meninas”. O troféu que lembra uma taça de campeonato esportivo é feito de lego, a equipe ganhou na categoria dos robôs feitos com lego, uma das mais disputadas.
A equipe que foi a Austrália era formada por 11 pessoas, dois professores, entre eles uma tradutora e 9 alunos. Participaram da conversa comigo a professora de inglês Andressa Martins, o professor de robótica Gilmar Alves Ferreira, os alunos Lucas Tamanini, Cássio Vidal, Bruno Schuller, Ana Clara Andrades, Fabrício Behenck, João Gabriel Biazus e William Barth
Luciano Medina Martins | jornalista