Já se sentiu sozinho ouvindo rádio, olhando TV ou enquanto confere as mais recentes postagens na seu aplicativo de mídia social preferido? Quando você fica a cada 30 segundos verificando quantos curtiram sua selfie postada 10 minutos atrás possivelmente está se sentindo sozinho ou pior, querendo se isolar.
A solidão é o fenômeno mais comum das sociedades modernas que aglutinam milhões de pessoas em cidades grandes. Nos pequenos e pacatos vilarejos do interior o nível de isolamento é bem menor. Para o azar dos atuais urbanos o bom dia com um sorriso e a visita de fim de tarde para experimentar um bolo caseiro foi trocado por uma conversa rápida com amigos virtuais por meio de teclas, sem expressão facial ou variações no timbre de voz.
A promessa das telecomunicações é aproximar as pessoas. O total excesso destas comunicações virtuais nos leva a conversar com o vizinho pelo aplicativo no celular, sem o visitar. Nos justificamos na possibilidade de nos comunicarmos com muitos ao mesmo tempo pelo aplicativo, mas perdemos o lirismo de vislumbrar o brilho nos olhos do outro quando sorrimos.
O isolamento em um turbilhão de informações já acontecia com o rádio, ao sabermos que dezenas de milhares se ligavam a um mesmo programa nos sentíamos menos isolados ao recebermos as notícias dos locutores. Os livros impressos e os jornais amplamente distribuídos foram precursores em estabelecer diálogos compartilhados pautando os debates nos botecos em muitas esquinas. Mas, naquele tempo, o debate tinha pelo menos duas versões da história.
Paraísos digitais
Um mundo sem controvérsias, onde todos ou quase todos, pensam como você e gostam das coisas que você adora. As mídias sociais lhe oferecem esta sensação e mostram para cada um sempre mais daquilo que é curtido por esta pessoa. Este mundo sem divergências pode ajudar a condicionar uma geração que não sabe dialogar com quem pensa diferente, partindo para ofensas e discursos de ódio quando confrontados com outro jeito de pensar. Neste ambiente de pouco diálogo a intolerância, os etnicismos, o bullying mais facilmente prosperam como atitudes normais.
Abrace quem você admira, dê as mãos e caminhe ao sol com seu irmão ou irmã, visite um amigo ou uma amiga e desfrutem da simplicidade de um chá com bolo, prepare uma bacia enorme de pipoca e convide uma pessoa querida para compartilhar sentados na praça. A vida virtual só é interessante se você curte muito sua vida sem o smartphone.
Por Luciano Medina Martins