O último horário do vôo Los Angeles-Tóquio chega em seu destino no dia anterior a da partida. Isto já acontecia nos Estados Unidos do início do século XX nos trens que viajavam de leste para oeste. Janis Joplin em seus comentários entre canções dizia “quem já pegou o trem rumo ao oeste sabe, é sempre o mesmo dia”, então ame como se fosse o último dia. A rotina pode nos fazer parecer o personagem do filme o Dia da Marmota, em que o protagonista se vê preso a um encantamento que o faz viver sempre o mesmo dia.
No fim das contas a passagem do tempo é uma construção cultural das sociedades, que desde as mais antigas civilizações se fixa em estabelecer calendários e a determinar parâmetros para a passagem do tempo. A hora de sessenta minutos é um cálculo que remonta aos Sumérios de mais de 40 séculos atrás.
O tempo não pára cantava Cazuza, e se não pára está sempre estático esperando que nós façamos algo que mova a enorme engrenagem dos minutos. O tempo ficou mais discreto e pulsante com a intermitência de informações da era da Internet e das mídias sociais na palma da mão das pessoas. Ficamos mudos falando todos a mesma coisa diante da ressonância global dos mesmos fatos da vida de quase todos.
No ano novo acontece esta gigante reinicialização dos sistemas do mundo ocidental vacinados contra o bug do milênio. Param para fazer aquilo a que deveriam se dedicar mais: abraçar amigos, encontrar a família e abrir um espumante gelado. Pense nisso e viva 2016 como se fosse o ano em que tudo vai melhorar em sua vida.
Por Luciano Medina Martins

Quadro de Eduardo Vieira da Cunha exposto na Pinacoteca Ruben Berta em Porto Alegre.
Texto publicado no jornal Gramado Enfoco em dezembro de 2015.