Qaddafi: o guardião da maior reserva de petróleo da África
Qaddafi não é Mubarak. Seu regime já resistiu a todo o tipo de pressão do Ocidente. Qaddafi tem um longo currículo com bombas em aviões, em locais públicos, assassinatos no mundo todo e perseguição implacável a dissidentes. Bin Laden, é um mero aprendiz do Col. Qaddafi, que vai de ideólogo e terrorista do Islam a diplomata de uma relação quase promíscua com EUA e UK, antigos inimigos do coronel.
A queda de Qaddafi não será tão simples como o ocidente espera. Qaddafi encarna o mais radical nacionalismo muçulmano forjado com a truculência e crueldade sem limites de Mussolini e seu verborrágico facismo, que na primeira metade do século XX matou quase a metade da população na Líbia.
Quando Saif Qaddafi avisa que haverá uma guerra civil, este aviso é sério, dificilmente Qaddafi sai do poder sem que a Líbia fique dividida em pelo menos em duas partes. Como na prática sempre foi, existe uma enorme distância cultural e econômica entre Bhengazi e Trípoli.
Quando Saif vai as ruas de Trípoli distribuir metralhadoras, munição e dinheiro para quem é pró Qaddafi, ele está dando uma mostra de que seu regime tem muito fôlego.
A tentativa de retirada de títulos do governo Líbio de um banco Inglês é somente uma mostra de poder em que Qaddafi lembra aos banqueiros que tem centenas de bilhões escondidos no mundo todo e entre os laranjas de seu regime.
Estes laranjas têm conexões dentro de todos os governos que flertaram com seu regime, que soube jogar muito bem com a sede petrolífera do ocidente e com o medo dos ocidentais de que algum líder, ainda mais antiamericano, nem mesmo deixasse as empresas da Itália, EUA, Inglaterra, Suécia, Espanha operarem na Líbia e garantirem a produção e exportação de petróleo da maior reserva de petróleo da África, a um passo da Europa.
Como grande marketeiro político que é, Qaddafi desde o início já definiu a guerra, é o ocidente contra o povo islâmico da Líbia, são os vagabundos, bêbados e drogados, contra os patriotas que sempre defenderam a Líbia do ocidente.
Os Líbios sabem muito bem o significado da preocupação internacional com as guerras em seu país. Ainda é uma incógnita o que vai acontecer no mundo das revoluções e redes sociais.
Muito sangue árabe vai rolar antes que se defina a situação da Líbia, só como lembrete: Os egípcios e chineses voltaram às ruas este fim de semana.
Luciano Medina Martins